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terça-feira, 28 de julho de 2009

Chefs, costureiros e jornalistas


Ando meio incomodado porque ultimamente quando comento com alguém que estudo comunicação sempre ouço: "ih você viu que agora não adianta fazer faculdade de jornalismo?". Bem, relutei em escrever algo sobre isso, até porque a decisão do STF foi publicada num momento em que estava sem muito tempo para me informar mais "a fundo" sobre o assunto - final de semestre na faculdade e véspera de férias do trabalho, o que geralmente toma um pouco mais do tempo da gente. Mas agora, penso que tenho uma opinião (e tempo para publicá-la), sobre o assunto.
Segundo o jornal O Globo (online), publicou no dia 18 de junho,o relator e presidente do Supremo,Gilmar Mendes declarou que o jornalismo tem a mesma dimensão da culinária e do corte e costura.
Por oito votos o STF julgou que o diploma é dispensável para o exercício do jornalismo.Apenas um ministro, Marco Aurélio Mello, foi contra a decisão.
O que eu, como estudante, e todos os profissionais que admiro da área, pensamos sobre isso? Penso que é uma banalização de uma das profissões mais dignas e socialmente importantes da atualidade.
É óbvio que os beneficiados com isso, são os grandes "caciques" da imprensa brasileira, pois isso facilitará os domínios da opinião. Como exigir ética de alguém que não teve preparo para utilizá-la, ou não sabe distinguir o que é ético ou não dentro da profissão? Porque exigir ética?
Será que os ministros do Supremo frequentam restaurantes onde não haja um chef formado? Será que vestem roupas de costureiras de fundo de quintal? Talvez a resposta seja afirmativa por isso eles não sabem distinguir a diferença do que é bom ou meia-boca. É claro que temos excelentes restaurantes liderados por cozinheiras sem formação e que a arte da costura está impregnada de talento nas costureiras do Brasil afora...mas, e a competitividade? Será que os profissionais que tem apenas talento estão preparados para um mercado cada vez mais exigente?
Nem vou entrar no clichê de que "o Brasil não é um país sério", ou frases do gênero, porque estamos cansados de saber das mazelas deste país.
O que costumo dizer aos meus colegas de faculdade é que não há com o que nos preocuparmos. Não há!
Como disse, o mundo está cada vez mais competitivo, a comunicação nunca foi tão valorizada e somente os profissionais realmente preparados sobreviverão. Hoje jogamos qualquer assunto no Google e temos milhares de opiniões sobre ele, mas não confiamos em todos, procuramos por assinaturas de jornalistas e comunicadores com credibilidade. Essa é a resposta.
Como nos primórdios do jornalismo, em que se formaram as primeiras agências de notícias e os correspondentes eram amadores que enviavam suas informações respondendo as seis perguntas: quem, o que, onde, como, quando e porque( ler post A pirâmide invertida), os blogueiros também fazem jornalismo, muitos sem ter curso superior. A maioria dos furos de reportagens são publicados antes no YouTube ou em comunidades virtuais e somente depois é que os repórteres vão pesquisar e esclarecer melhor os fatos. Aí voltamos ao quesito credibilidade. Quem tem a credibilidade? Quem está preparado para julgar o que é verdade, investigar os fatos e publicar de forma clara e imparcial?
Estudar é indispensável para exercer essa profissão e com a crescente globalização, não basta apenas ter um diploma, é preciso se atualizar, conhecer e respeitar diferentes culturas, desprender-se dos preconceitos e ter uma mente aberta para as novidades sejam elas boas ou ruins.
Nosso futuro é a credibilidade.

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